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sábado, 19 de junho de 2010

Deu na imprensa

Potiguar investe na xilografia
O artista Erick Lima desenvolve suas atividades junto aos poetas cordelistas da Casa do Cordel



                                                                                                             Foto : Paulo Almeida

Daniela Pacheco       
Editora de Cultura


Uma técnica milenar que surgiu como recurso de reprodução de impressos e ganhou status de arte nas mãos de grandes pintores europeus. A xilogravura produz uma gravura em que se utiliza uma matriz em madeira para a obtenção de reproduções da imagen gravada, assim é a xilogravura. No nordeste brasileiro foi que se desenvolveu uma das mais singulares e representativas fomas da xilo no mundo. A xilogravura popular ligada ao folheto de cordel adquiriu uma identidade própria.
Em seu  ateliê que está localizado na Casa do Cordel, o xilógrafo produz gravuras para ilustraçõs de cordéis, folhetos, livros, discos, camisetas, cerâmicas decorativas, além de trabalhos sob encomenda, como retratos.
O jovem xilógrafo potiguar, Erick Lima, está realizando cursos em escolas públicas de Natl e região metropolitana com o objetivo de divulgar a técnica e a história da xilografia para adolescentes através do projeto de popularização da xilografia que foi aprovado pelo BNB Cultural e está sendo executado até o final deste ano.
O JORNAL DE HOJE conversou com o xilógrafo Erick Lima.




O JORNAL DE HOJE - O que motivou você seguir na arte da xilogravura?




Erick Lima - Apesar das dificuldades que existem para se trabalhar com cultura e, principalmente, com cultura popular em Natal, O que me motivou e motiva a seguir na arte da xilogravura é a possibilidade de está desenvolvendo um trabalho que possa levar esta arte para outros círculos, como as escolas, os jovens e outros.


Outro fator é minha própria satisfação em trabalhar com algo que me dá prazer.


O JORNAL DE HOJE - Aonde e como foi os seus primeiros passos nessa arte?


Erick Lima - Iniciei a técnica da xilogravura à partir da criação do espaço cultural Casa do Cordel ( espaço dedicado à literatura de cordel e à cultura popular em Natal/RN).Isso se deu em inícios do ano de 2007.Antes eu já desenhava e pintava.Como a xilogravura sempre esteve associada ao cordel,comecei a tentar, de maneira autodidata, a fazer xilogravuras.Nada melhor que a prática para se aprender algo.Com a arte não é diferente.Com o tempo fui desenvolvendo e passando a ilustrar as capas dos folhetos dos poetas e poetisas da Casa do Cordel.


Posteriormente tive a oportunidade de visitar o atelier de grandes gravadores populares, como J. Borges, em Bezerros/PE e o mestre Dila em Caruaru/PE. De lá para cá venho fazendo trabalhos de ilustrações, não só de cordel, mas de livros, CDs e por encomenda. Passei a fazer oficinas, pra turmas e individuais, para poder difundir esta arte.


O JORNAL DE HOJE - Você desenvolve um projeto de oficinas de xilografia em escolas publicas. Explique um pouco sobre ele?


Erick Lima - O projeto "Xilogravura nas escolas", patrocinado pelo programa BNB de cultura, Visa levar esta arte para os jovens. A idéia é aproveitar o espaço da escola, onde os jovens estão sistematicamente, para levar esta arte e abrir a possibilidade dos estudantes entrarem em contato e tomarem conhecimento da xilografia.


O JORNAL DE HOJE - Qual o objetivo desse projeto?


Erick LIma - Através da realização de oficinas em escolas públicas pretendemos que a xilografia possa ser uma alternativa para a capacitação e formação de jovens multiplicadores desta arte para a sua perpetuação, desenvolvimento da cultura e da cidadania;


Outro objetivo é o de ressaltar e situar esta arte popular na história, sua importância para o desenvolvimento do imaginário e da cultura nordestina, suas ligações com a literatura de cordel;


Disseminar na rede escolar pública da região metropolitana de Natal-RN, através das oficinas, as personalidades da cultura popular do Rio Grande do Norte ligadas à arte da xilogravura popular;


Documentar, através da publicação de um cordel xilográfico, parte da produção realizada nas oficinas, com o objetivo de estimular o desenvolvimento dos jovens nesta arte;


Estimular o estudo desta arte popular nas escolas a partir do diálogo com professores de


Estimular o desenvolvimento artístico e profissional do artista xilogravador popular.


O JORNAL DE HOJE - Na sua opinião, qual a importância de levar conhecimentos da cultura popular para as escolas?


Erick Lima - A escola é um espaço privilegiado para se fazer um trabalho sistemático, porquê os alunos já estão lá, passam boa parte de seu tempo.O problema é que neste tempo pouca coisa é apreendida, além de não existir um trabalho com a arte popular.


A interação entre os saberes, conhecimentos e vivências da cultura popular nordestina compreende aspectos político-pedagógicos da formação do povo brasileiro, usa peculiaridades. São conhecimentos que expressam a formação do pensamento, da criatividade, do embelezamento com imaginário regional e acima de tudo construções de realidades que permitem os sonhos, a expressão e os valores de cada comunidade, grupo e indivíduo.


O JORNAL DE HOJE - Como é a receptividade desses jovens quando passam a conhecer um pouco mais sobre a história, como também, sobre a xilografia?


Erick Lima - No início os jovens ficam muito distantes. Isso é compreensível, pois a xilografia e a cultura não são trabalhadas na escola e a maioria não tem acesso a bens e produtos culturais.


Porém o ato de gravar, a impressão da matriz é algo mágico que faz com que aqueles mesmos estudantes, que pareciam meio frios, tomem gosto pela técnica.Podem compreender que a xilogravura tem tudo a ver com a História que eles estudam na sala, com a literatura, enfim, abre-se uma nova perspectiva.


O JORNAL DE HOJE - Você é filho de um grande cordelista. Pode-se dizer que ele de certa forma influenciou na sua carreira artística?


Erick LIma - Claro, foi muito importante a presença do meu pai, o poeta Abaeté, para continuar com a arte, pois ele também é um ativista da cultura e que dá uma grande contribuição ao estado com a Casa do Cordel, que, mesmo sem apoio do estado, é um exemplo de ação cultural que deve ser apoiada e seguida.


O JORNAL DE HOJE - E, por falar em cordel. Você já escreveu algum?


Erick Lima - Já cheguei a tentar escrever alguma coisa, entendo um pouco sobre, mas não me arrisquei a publicar.


Escrever é muito difícil, cordel mais ainda.Tem que ter muito talento e estudar muito pra escrever um bom folheto.


O JORNAL DE HOJE - É, muito difícil criar e produzir uma xilogravura? O que é preciso?




Erick Lima - Não existe segredo algum para se fazer uma xilogravura. Repito mais uma vez, nada melhor que a prática para se conseguir chegar a um objetivo.


Para se fazer xilogravura precisa-se de alguns materiais como as goivas, que são as ferramentas para gravar, entalhar a madeira. Podem-se usar, ainda, inúmeros tipos de ferramentas improvisadas tais como estiletes, chaves de fenda e outros para se obter efeitos na gravura;


O rolinho para gravura, para o entintamento da matriz;


E, claro, a madeira para se gravar. Gosto muito de trabalhar com a Umburana, uma madeira típica do sertão. Ela é muito mole e boa para qualquer trabalho de entalhe.


Por último a impressão das gravuras em papel.


O JORNAL DE HOJE - É, muito difícil criar e produzir uma xilogravura? O que é preciso?


Erick Lima - Não existe segredo algum para se fazer uma xilogravura.Repito mais uma vez,nada melhor que a prática para se conseguir chegar a um objetivo.


Para se fazer xilogravura precisa-se de alguns materiais como as goivas, que são as ferramentas para gravar, entalhar a madeira. Podem-se usar, ainda, inúmeros tipos de ferramentas improvisadas tais como estiletes, chaves de fenda e outros para se obter efeitos na gravura;


O rolinho para gravura, para o entintamento da matriz;


E, claro, a madeira para se gravar. Gosto muito de trabalhar com a Umburana, uma madeira típica do sertão. Ela é muito mole e boa para qualquer trabalho de entalhe.


Por último a impressão das gravuras em papel.


O JORNAL DE HOJE - Você consegue viver e pagar as contas do mês dessa arte ou faz outra coisa para completar os rendimentos?


Erick Lima - Não. É muito difícil. Posso dizer que consigo sobreviver. A arte não é muito valorizada e não é da política pública do país e muito menos do estado, levar a questão cultural como uma necessidade ao povo e do apoio aos artistas.


Além da atividade artística, onde consigo auferir uma pequena renda com oficinas, palestras e a venda das obras, também já trabalhei em escolas privadas da cidade como professor, o que também não gera um justo pagamento.


O JORNAL DE HOJE - Qual a importância da xilogravura?


Erick Lima - A xilogravura é muito importante não só na história do nordeste com a literatura de cordel, mas na história da humanidade. As primeiras impressões sistemáticas foram feitas à partir de uma matriz xilográfica.


Possibilitou a documentação e a referência de inúmeros acontecimentos históricos, e possibilita uma riquíssima técnica das artes visuais e uma singular representação do imaginário popular do nordeste brasileiro.




Fonte : Jornal de Hoje, edição dos dias 12 e 13 de junho de 2010.

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